Correria, estratégia, liderança, comprometimento, disponibilidade, raciocínio rápido… uau? Você tem todas estas? Hum… Todas estas características em uma só pessoa? É meio raro, e por isto precisamos de uma equipe. Isto ficou bem evidenciado na Gincana do Cinquentenário do município de Canela, que deixou saudades.




 

 

 

 

 

Para contar esta história, reunimos um time de peso para que pudessem buscar na memória detalhes dos momentos vividos em 1994. Foi uma tarde bastante produtiva, eufórica às vezes, e nostálgica ao mesmo tempo. Participaram desse bate papo Rosângela Port Sartori, Lúcia Girotto, Paulo Drechsler, Liandro Aguiar Dias, Alexandre Stopassola: uns lembravam de tudo e outros muito pouco. Mas uma lembrança levava a outro momento, e assim fomos construindo o que apresentamos aqui. Evidentemente muitos detalhes, que os mais de 200 participantes da equipe Deport poderão relembrar.

Günther Siegfried Schlieper era o prefeito do município e criou uma comissão para organizar os festejos dos 50 anos de emancipação de Canela, com a presidência do senhor José Domingos Prates Batista (in memorian) e tendo Anibal Port como tesoureiro. Logo que as ideias foram surgindo e programação para as comemorações iam ficando prontas, surgiu a Gincana do Cinquentenário, que teve uma comissão organizadora própria, o que facilitou ao sr. José Batista liberar o Anibal dessa comissão para que pudesse montar a equipe Deport. Afinal, transparência é valor fundamental para os sócios da empresa. Assim a Deport pode participar da gincana como a única equipe organizada por uma empresa privada, um marco até os dias atuais.

A gincana aconteceu em três etapas: a primeira foi nos dias 25 e 26 de junho e, detalhe, nevou no primeiro dia, e que detalhe! Já a segunda etapa aconteceu nos dias 27 e 28 de agosto. E a última, nos dias 26 e 27 de novembro. Em cada uma delas diversas tarefas eram entregues para que as equipes pudessem resolver. As tarefas eram bastante difíceis, ainda mais em uma época em que a telefonia móvel praticamente não existia.

A gincana contou com a participação de três equipes: a equipe Impacto, do Colégio Cenecista Cidade das Hortênsias; a EquiDanton, da Escola Danton Corrêa da Silva; e a Deport. E já conto para vocês que a Deport ficou em segundo lugar.

A primeira tarefa foi um desfile, e para isto cada uma das equipes precisou desenvolver um roteiro. A Deport desenvolveu um folder apresentando a história do passado e do presente de Canela, que foi impresso e entregue para a comunidade que acompanhou o desfile.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E como muitos de vocês sabem, tudo iniciou com os tropeiros que fizeram da sombra de uma caneleira o seu tradicional local de repouso, sendo que um dos elementos presentes foi a carreta que transportava madeira, dando início ao ciclo da madeira na cidade, que perdurou por anos. Na sequência desta história veio a necessidade de agilizar o transporte da madeira, além de atender à crescente procura dos veranistas pelos hotéis de Canela e, com a liderança do Cel. João Corrêa Ferreira da Silva, o trem chegou à localidade. Como a Charrete era o veículo utilizado para levar os veranistas a percorrer a cidade, no desfile da Deport, em uma delas, estavam as senhoras Anita Corrêa e Honorina Rosa, representando as primeiras famílias. A partir daqui o desfile foi dividido em 5 décadas. Vamos relembrar um pouco da História?

De 1944 a 1954 – A década que se desenvolveu a Fábrica de Celulose e Papel. E no desfile eles levaram um dos funcionários mais antigos, o senhor Natal Colombo. Outros destaques desse período foram as questões voltadas à educação, a Rádio Clube e o Jornal Sentinela.

 

 

 

 

 

 

 

De 1954 a 1964 – Período em que iniciaram os Jogos Estudantis da Primavera, tendo como sua primeira rainha Maria Delurdes Tomazi, que desfilou em um fusca vermelho.

1964 a 1974 – Neste período foi homenageado o Festival da Serra e, também o Esporte Clube Serrano, Campeão Estadual Absoluto de Amadores de 1967, representado por alguns de seus atletas campeões.

1974 a 1984 – Época que inaugurou o majestoso Hotel Laje de Pedra. Nesse mesmo período aconteceu a Festa Nacional do Disco, o que foi um marco para o município. 

1984 a 1994 – Para representar esse período a equipe da Deport montou vários painéis sobre as atrações turísticas e as crianças desfilaram lembrando o turismo ecológico. Eles se apresentavam caracterizados como turistas, hortênsias, árvores como o Pinheiro Grosso e a caneleira, pássaros, a Cascata do Caracol, o Morro Dedão e o Parque da Ferradura. Também estavam presentes o Festival de Teatro de Bonecos e o Carnaval de Rua.   

O desfile da equipe Deport contou com a orientação do historiador e colecionador Antônio Olmiro dos Reis, um dos maiores conhecedores da história de Canela

E para animar o seu desfile a Deport tinha uma música que começava assim: “Onde a lua beija a terra, nas verdes matas da serra”… Adaptado de um samba do bloco de carnaval canelense “Saímo Sem Querê”, que teve letra e música de Gilberto Tegner, o Tolão, com refrão de Júlio Vaccari.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O desfile saiu da Frente da Igreja Matriz, onde as equipes se concentravam, e seguiu para a Praça João Corrêa, passando na frente do palanque oficial, depois pela Fundação Cultural, onde é hoje a Estação Campos de Canella. Deram a volta na quadra, passando pela atual estação rodoviária, percorreram toda a Avenida Júlio de Castilhos, entrando na Rua João Pessoa, onde aconteceu a dispersão do desfile. A equipe Deport finalizou o seu desfile com a apresentação do bloco de carnaval Só Falta Você, e foi com certeza uma festa e tanto. Por todos os detalhes pensados a equipe levou a pontuação máxima, que bom! Todo o esforço foi compensado e você pode imaginar que a festa foi garantida.

E era no QG da Deport, no subsolo do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) que as mentes ferviam, e aconteciam os muitos bastidores para que as tarefas fossem entregues corretamente e no prazo estipulado. Aqui, amigos, familiares e funcionários da empresa passavam horas debatendo e percorrendo a cidade e, às vezes, outros municípios e localidades para encontrar as repostas para as tarefas.

Para a sócia da Deport, Rosângela Port Sartori, “relembrar de tudo isso que viveram foi muito bom. Eram outros tempos, onde a simplicidade estava presente em todos os detalhes. As pessoas eram solícitas em ajudar e não importava a hora que precisavam entregar as tarefas. Revendo as fotos me sinto muito feliz em ter participado desse momento único na história da nossa cidade”. 

A quantidade de tarefas ninguém se lembra ao certo, mas com certeza passaram das cem atividades e cada uma delas envolvia muitas pessoas e muitos detalhes. Liandro Aguiar Dias, que participou da gincana e segue até os dias atuais atuando na Deport Contabilidade, tem uma excelente memória e relembra muitos detalhes como, por exemplo, quando a Rosângela saiu para buscar a resolução de uma delas, e bateu o carro, o que deixou todos chateados, mas seguiram em frente para realizar as demais tarefas. Detalhe: o fusca vermelho do desfile era dele.

As tarefas eram bastante enigmáticas. Às vezes, decifrar já era algo bastante difícil, o que precisava dedicar um tempo precioso para desvendar o mistério. E muitas tarefas eram divididas e debatidas em grupos. Muitas delas nem todos ficavam sabendo, pois quando uma tarefa era entregue, outros já estavam realizando outras tarefas. Como eram muitas, eram necessárias pessoas dedicadas a cada tarefa em especial.

Uma delas era encontrar um disco que uma famosa cantora gravou, com uma foto de um ponto turístico de Canela na contracapa, além de a letra da música estar impressa. Hoje, com a internet, seria fácil localizar, porém na época a internet não era disseminada e até mesmo celular eram raros e poucos que tinham. Naquele tempo a SP Imobiliária alugava telefones e emprestou um aparelho para que eles pudessem ter um processo mais ágil. Hoje sabemos que o disco era da cantora Maria Bethânia, com a foto da Cascata do Caracol, olhando pelo Google, claro.

Em 1994 o Brasil se sagrou tetracampeão da Copa do Mundo nos Estados Unidos, em uma final contra a Itália. E futebol não podia ficar fora da gincana e nem da história da Deport, e para comemorar as Bodas de Ouro do município, em uma das tarefas era preciso apresentar um adulto com 50 anos uniformizado de goleiro e um menino de 5 anos com uniforme de uma das seleções participantes da Copa do Mundo desse ano. Ainda dentro dessa temática, as equipes precisavam apresentar uma pessoa com 50 anos e que pesasse 50 quilogramas. As pessoas apresentadas, com a idade comprovada pelos seus documentos, eram pesadas no QG Central. Conseguindo apresentar as solicitações era golaço e pontuação para carimbar o passaporte para a vitória.

Enquanto Canela completava 50 anos de emancipação, a Deport estava com 22 anos. Nesse mesmo ano ganharam o citadino de futebol de salão, então em pleno auge da empresa. Um dos seus fundadores, Paulo Roberto Drechsler tem muito presente em seus pensamentos, que ser de fato da cidade é participar das atividades proposta pelo município ou em prol do município. Na época apenas uma empresa privada organizou uma equipe, enquanto as outras eram escolas do município. Ele diz: “tenho muita convicção que precisamos ser participativos, construindo uma história de sucesso e deixando um legado para as novas gerações”.

Mas voltando às tarefas, elas eram transmitidas pela Rádio Clube e uma pessoa da equipe digitava e imprimia nas impressoras matriciais, olha elas aí de novo (lembram que elas estavam presentes nas histórias de junho) e distribuía entre os demais participantes. Parte da equipe ia buscar as tarefas, que às vezes estavam em outros lugares como, por exemplo, uma que estava no Açougue Gallas. A lista telefônica impressa também era muito importante para que pudessem localizar pessoas. Veja bem, hoje em dia nem existe mais lista telefônica. Em uma tarefa precisavam apresentar uma pessoa cujo nome e sobrenome tivesse 5 letras, e eles localizaram o senhor Ivo Ev que era morador da cidade Taquara. Aí o integrante da equipe Osmar Müller prontamente se dispôs a buscá-lo para cumprir a tarefa.  

Serenatas, tapetes de tecido, quebra-cabeças, cordões de pipoca, charadas…

Diversidade e criatividade eram as palavras-chave para tentar explicar as inúmeras tarefas que eram solicitadas e que valiam diversos pontos. Para que isso pudesse acontecer, havia a liderança da equipe, que no caso da Deport era formada por Rosângela Port, Emerson Sartori, Elias da Rosa, Gilberto Tegner, Anibal Port.  Como líderes, podiam acompanhar e contestar algo em relação a entrega das tarefas, já que a disputa era bastante acirrada.

Mas uma tarefa conquistou o coração de muitos, e deu muitoooo trabalho. Ela era assim: “Relembrar é viver, graças a câmara fotográfica podemos conhecer nossos antepassados e recordar momentos inesquecíveis. A equipe deverá obter uma fotografia, que tenha mais de cinquenta anos, mostrando uma família tradicional da cidade e que apareça no mínimo cinco membros da mesma. A equipe deverá reproduzir o local, a indumentária e tirar uma foto. As duas fotos, tanto a antiga quanto a reprodução deverão ser entregues no QG central. A fotografia reproduzida que mais  se assemelhar à original somará trezentos pontos. A tarefa valerá quinhentos pontos no total. A foto antiga deverá constar a data e o motivo da mesma”. Agora lembrar a família é que são elas. Vamos decifrar esta?

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Lúcia Girotto diz que “voltar no tempo é muito bom. Sempre gostei muito desse tipo de atividade, e na época eu corria atrás de tudo que eu podia. Penso que nos tempos atuais é quase impossível reeditar uma gincana. Creio que os mais jovens não teriam esta mesma empolgação, seria um “mico” para muitos deles. Tudo mudou, os interesses são outros. Mas me sinto muito feliz em relembrar tudo isto”.

“Em nossa cidade já circularam e ainda circulam jornais onde pessoas e fatos foram destacados. Trazer as edições de número 50 destes jornais acompanhados de uma pessoa que tenha sido entrevistada ou tenha sido alvo de alguma reportagem destas edições. Um lembrete: trazer somente uma pessoa por edição e cada uma acompanhada pelo respectivo jornal”. Este é um exemplo de tarefas… foram inúmeras…

Vamos decifrar esta?  “Levar ao QG Central uma cópia de um cartaz de marketing de um certo hotel, onde diz, ‘vai Veraniar em Canela? … Hospeda-te no … Apartamentos e quartos com todo o conforto, com diária de 15.000 reis. Dispõe de chalés independentes com preço a convencionar. Não aceita pessoas portadoras de moléstias contagiosas, em caso de suspeita o proprietário reserva-se o direito de exigir um atestado médico’. Descobrir o nome do hotel e do Proprietário”.  Descobrir o nome do hotel e do proprietário é fácil, mas, e aí, você vai conseguir o cartaz? Vamos voltar no tempo e fazer esta tarefa? 

Pois então, em 1994 em Canela moravam 25.925 pessoas. De lá para cá muita coisa mudou e a população estimada hoje é de aproximadamente 45.957 habitantes. Manter viva a história da cidade é um dos objetivos do “calendárioflix” da Deport Contabilidade, e Alexandre Stopassola, que participou da gincana, não se lembrava de muitos detalhes, mas buscou rememorar tudo e, ao ver a história sendo relembrada agora, considerou muito importantes e bacanas os fatos do passado e transportou as ideias para fatos atuais.

A comissão organizadora da Gincana do Cinquentenário de Canela era formada por: Neusa Jahn, José Domingos Prates Batista (in memorian), Nilda Athaides.

Esta Gincana é para não esquecer e, se nos dias atuais esse modelo não é viável, quem sabe em outro formato? A pensar!

 

 

 

 

 

 

Rozangela Allves
Jornalista