Educação, preservação e amor: Assim são os calendários da Deport. Sim, repetindo o título para dizer que não é apenas um impresso para colocar sobre a mesa. É muito mais que isso. E sim, tem muita informação traduzida no que eu considero educação, preservação e amor. E vamos lá, porque essa história só cabe em um textão.
Pergunto aos leitores: na década de 80 vocês pensariam em um calendário como forma de comunicação?
Nessa época, pensariam em deixar, de alguma forma, a história da sua cidade viva?
Seria uma estratégia de marketing, amor pela cidade, ou visão de futuro?
Pois eu conto para vocês que fiquei maravilhada ao me deparar com os calendários devidamente catalogados e guardados de todas as edições que a Deport desenvolveu ao longo desses anos.
Cada edição tem um tema, uma história e um porquê.
Mas antes de contar sobre este acervo incrível, quero contar um pouco de como a ideia surgiu e se tornou em uma tradição da empresa.
De onde surgiu o calendário? A origem remonta aos tempos da Pré-História. Foi através da observação do nascer e do pôr do Sol, além das diferentes fases da Lua, que o homem percebeu esse fenômeno. E foi olhando para o céu e para os astros que o ser humano percebeu a necessidade de ter uma medida de um período de dia, mês e ano. Essas marcações de tempo ajudaram o homem no desenvolvimento da agricultura, da caça e nas atividades de migração.
A história conta que foi por volta de 2.700 a.C. que os povos mesopotâmicos elaboraram um calendário com 12 meses lunares, de 29 ou 30 dias. Foi com base nesse modelo que os judeus elaboraram seu calendário posteriormente. Outros povos também realizaram adaptações e mudanças no calendário. O primeiro calendário solar surgiu com os egípcios por volta de 3.000 a.C., com uma medição de 365 dias. Atualmente seguimos o chamado calendário gregoriano, que foi criado em 1582 pelo Papa Gregório XIII (1502 – 1585) – daí o nome “gregoriano”. O Papa teve como base o calendário juliano (criado pelo imperador Júlio César em 45 a.C.) que era utilizado pelo Império Romano – e ainda hoje é usado por cristãos ortodoxos em alguns países. Existem pessoas que seguem o calendário lunar e não o gregoriano, e que aliás é muito interessante, a única questão é que gera um certo conflito no dia a dia, mas observar as fases lunares faz muita diferença em diversos ângulos da vida.
O calendário gregoriano é utilizado – por convenção – em todo o mundo. Além desses calendários citados temos outros, como o chinês, o maia, o etíope, o islâmico, o hebreu, o hindu, etc. Sem a presença deles, ficaria difícil organizar o tempo, nosso cotidiano e afazeres da sociedade.
Estamos em agosto e já já chega a hora de ter o novo calendário de 2023, e claro, a Deport já está planejando o seu. Quando eles começaram a distribuir os calendários aos clientes e parceiros, eram fotos de flores e paisagens que ilustravam as folhas impressas pela Gráfica e Editora Sinodal, que possuía as imagens, e cada empresa que comprava o calendário só mudava o “cabeçalho”, mas em Canela era praticamente somente a Deport que fazia.
O primeiro calendário da Deport trazia no cabeçalho o nome de todas as empresas que os sócios Paulo Roberto Drechsler e Anibal Port eram proprietários na época. Vamos relembrar quais eram: Deport Organização Técnico Contábil, Serra Verde Incorporações e Loteamentos, Imobiliária Deport e Sauna Deport. Nessa época a Deport Contabilidade já estava debutando com seus belos 15 anos.
De 1988 até 1999, e aí já se vão 11 edições do calendário, foi mantido o formato inicial, sempre adquiridos da Gráfica e Editora Sinodal, com poucas alterações em seu layout, cujas imagens eram de propriedade da gráfica. Já no ano 2000 o calendário apresentou imagens de Canela, sendo uma vista belíssima da Catedral de Pedras e outra foto histórica da Estação Ferroviária, com bastante neve. As fotos, verdadeiros cartões postais, eram de Mário Bertolucci.
Em 2001 o calendário não continha imagens. O calendário do ano de 2002, nas comemorações dos 30 anos da empresa, além de estrear o novo logotipo, passou a ser temático, trazendo fotos que eram verdadeiras relíquias, tais como a que retrata o Hotel e Pensão Werner, a Cascata do Caracol em 1916, a Praça João Corrêa em 1954, a Rua João Pessoa em 1933 e a Estação Férrea em 1936. A partir dessa edição também se tornaram tradição as frases motivacionais, tão usuais hoje em dia, também estavam presentes, sempre sob a “curadoria” do Sr. Paulo.
Já nos anos de 2003, 2004 e 2005 os calendários vieram impressos em papel reciclado, sendo que no ano de 2003 um bloco de anotações completava o conjunto entregue aos clientes e parceiros. Em 2006 e 2007 voltaram a impressão em papel couchê, porém seguia sem imagens.
Quando a Deport completou 35 anos, em 2008, o tema escolhido para o calendário foi a história da tecnologia na contabilidade, e em suas páginas desfilaram todos os tipos de maquinários usados por um escritório contábil. Olhando as imagens dos equipamentos utilizados durante o tempo, dava para perceber a evolução tecnológica daquele período.
Em 2009 o calendário veio robusto em um formato completamente diferente, e apresentou os principais eventos que aconteciam na cidade naquela época, Rodeio Nacional, Semana Santa, Festival de Teatro de Bonecos, Temporada de Inverno, Festa Colonial de Canela, Festa Nacional da Música, Sonho de Natal, entre outros.
No ano seguinte o Meio Ambiente foi a pauta principal. Além de ser impresso em papel reciclado, o calendário foi um guia de boas práticas: uma verdadeira homenagem ao planeta. Tudo que permeia ao meio ambiente está presente no calendário. Ali já estava contextualizado que a água é ouro líquido, a necessidade do cuidado com o lixo e com a alimentação. A Deport já tinha implementado o seu programa 5S, e assuntos como a sustentabilidade e a responsabilidade social já estavam presentes no dia a dia da empresa.
Em 2011 os eventos voltaram a pauta, mas dessa vez com outro viés. Os eventos e atrações que fizeram história em Canela, mas que deixaram de existir, um belo registro para as futuras gerações, eles ficaram na memória dos que viveram e foram eternizados no calendário da Deport, como o Festival da Serra, o Rali e as Carreteras, a Carrieri do Palace Hotel, a Exposição Agropecuária, a Buzina do Guiné, a Volta Ciclística, o Festival Aéreo, os Jogos Estudantis da Primavera, a Fermaçã, a Festa do Chopp e a Mostra dos Produtos de Canela. Um registro de um passado nem tão distante, mas de muita relevância para Canela e região. Fica o questionamento: por que deixaram de existir?
E a Deport quarentou em 2012. E neste ano o calendário desfilou em suas páginas imagens de Canela sob os mais diversos ângulos, mostrando o que a cidade tem além dos tradicionais pontos turísticos, apresentando a beleza do interior do município e sua rica beleza. Com o selo dos 40 anos, imagens como: Capela Santa Cecília, Banhado Grande, cachoeira da Usina no Ecoparque Sperry, Linha 28, Chapadão, Linha São Paulo, lago e cachoeira da Fazenda Sonho Meu, localizada no Saiqui, Pico da Canastra, Canastra Alta, Passo do Valentin, Rio Santa Cruz, entre outras imagens que ficaram eternizadas nos olhares de quem fotografou e um presente para comunidade que recebe o calendário gratuitamente.
No ano de 2013 mais um calendário com o viés educacional. Dessa vez foi o trânsito, onde, além das frases motivacionais, existiam as informações sobre as regras no trânsito. Nesse ano, a empresa realizou uma blitz no trânsito entregando aos motoristas materiais para melhor conscientização sobre a importância de seguir as regras e ter uma vida com mais segurança.
É um calendário mais interessante que o outro. Já no ano seguinte, em 2014, as imagens da cidade voltaram a marcar presença nos 12 meses do ano, e dessa vez era o lado bucólico da cidade que ganhava destaque.
Na sequência, o calendário privilegiou as aves nativas de Canela, e por ali circularam o Bemtevi, a Gralhaazul, o Tucanodebicoverde, o Quero-quero, a Curicacá, a Mariafaceira, entre outros. Em 2016, foi a vez da fauna da cidade serrana desfilar nas páginas do calendário, como o Bugioruivo, o Quati, o Macaco-prego, a Preá, oOuriço-cacheiro, a Capivara, o Serelepe, o Veado-virá, entre tantos outros que povoam a rica fauna de Canela e região.
Em 2017, com 45 anos, foi a vez da Praça João Corrêa, presente no dia a dia desde o início dessa história, ser homenageada. São fotos incríveis de diversas décadas: a tão famosa praça central ganhou um ano para chamar de seu, foram 12 meses, que a cada vez que virava a “folhinha” uma nova foto da Praça João Corrêa aparecia. Belas lembranças da principal praça da cidade.
As memórias de Canela foram o tema da edição do calendário de 2018. As fotos foram resgatadas do acervo de Paulo Roberto Drechsler, Antônio Olmiro dos Reis e Marcos Zimmermann. A ideia era eternizar as fotos dos colecionadores em um outro formato, convivendo durante todos os 365 dias do ano com os canelenses.
No ano seguinte foi a vez de uma coletânea de fotos das paisagens de Canela, que foram fotografadas pela equipe, e selecionadas pelo publicitário Cau Broilo e por Paulo Roberto Drechsler. Nesse ano, o intuito era valorizar a sensibilidade de quem fotografou, e que usou seu olhar para perceber detalhes que muitas vezes passam desapercebidos pela correria do dia a dia, típica do século XXI.
Já em 2020, foi a vez do Concurso de Fotografias da Deport, que foi aberto ao público em geral. As 12 fotos que ilustraram as páginas do calendário foram selecionadas pelo publicitário Eduardo de Paula Couto. Dessa vez foi a comunidade que contribuiu para que o calendário ficasse ainda mais interessante, e com a participação comunitária.
Em 2021, as fotos presentes no calendário foram clicadas pela equipe da empresa, que deixou de lado o olhar cartesiano do dia a dia, e utilizou a delicadeza para mostrar mais uma vez o lado bucólico da cidade.
E nesse ano, quando a Deport completa 50 anos, eis que estamos contando esta história e muitas outras que marcaram a vida da empresa. O destaque dessa edição do tradicional calendário é a disponibilização de um QR Code que te leva a ler, a cada mês, a história por trás de fatos marcantes da empresa. Nós chamamos de “Calendárioflix” pois a empresa uniu o passado através da história, e o presente através da tecnologia. Fantástico não é mesmo?
E todo final do ano tem calendário para distribuir para os clientes, fornecedores, parceiros e amigos.
Os calendários foram idealizados e desenvolvidos pelo sócio Paulo Roberto Drechsler, que adora deixar a memória da cidade viva. Ao seu lado, o publicitário Cau Broilo e diversas agências de publicidade participaram desse processo, como a Grisé, Ver e Vivaz. Atualmente é a Yoda que cria e faz a edição do calendário.
As fotos dos calendários são de: Anibal Tonelloto, Antonio Olmiro Reis, Cia Truks-SP, Cau Broilo, CTG Querência, Diego Santos, Edmilson Watzlawick, Eduardo Idalino, Ernani Marques, Fabiane Michaelsen, Gabriel Tieppo, Jornal de Canela, Júlio Richter, Katia Click, Luiz Eduardo Arnold, Márcia Rosa, Mário Bertolucci, Marcos Zimmermann, Patrícia Reinhardt, Paulo Roberto Drechsler, Rosângela Port Sartori, Sérgio Azevedo, Sônia Schaefer Ilges, Tiago Comiotto Canuto, Tiago Keller, Vitor Hugo Travi. Também há registros de José Domingos P. Batista e Tenente Edy Saul Pütten, estes, In Memorian.
A pergunta que não quer calar é: o que virá no calendário 2023?
Ansiosos? Eu também!
Rozangela Allves
Jornalista